Qual a diferença entre vinho seco, meio-seco, doce ou suave? Será que só o vinho seco é bom, ou eles podem variar de acordo com o gosto de cada um? Hoje vamos desmistificar alguns preconceitos e ensinar para você o essencial sobre cada um desses tipos de vinho.

Como diferenciar entre vinho seco ou suave?

A categorização de vinho seco, meio-seco e doce (ou suave) é feita a partir da quantidade de açúcar residual por litro de vinho. Na legislação brasileira, o vinho seco tem até 4g de açúcar por litro; das 4,1g/L até 25g/L o vinho é meio-seco; acima disso, o vinho pode ser considerado doce ou suave.

Agora você deve estar se perguntando: de onde vem esse açúcar? Os açúcares nos vinhos vêm das uvas usadas para a sua produção. Durante o processo de vinificação, o açúcar natural das uvas é transformado em álcool. Chamamos de açúcar residual a parcela de açúcar que não passou por essa transformação.

Essa legislação varia de país em país. Por isso, é possível que um vinho considerado meio-seco no Brasil seja classificado como vinho seco na Itália e França, por exemplo.

Classificação de vinho seco, meio-seco, doce ou suave no Brasil e na Europa

Legenda: classificação de vinho seco, meio-seco, doce ou suave no Brasil e na Europa.

Também vale lembrar que a legislação explicada acima sobre vinho seco ou suave, meio-seco e doce não se aplica aos vinhos espumantes. Esses têm as suas próprias categorias e legislação, e você pode entendê-las melhor no artigo em que detalhamos tudo sobre o que é espumante

O que são os vinhos doces?

Opostos do vinho seco, os vinhos doces são conhecidos como vinhos de sobremesa, tal qual os famosos líquidos doces produzidos em Sauternes, feitos com frutos que possuem alto grau de açúcar devido à Botrytis Cinerea, um fungo comum na região francesa que deixa a casca da uva porosa, possibilitando a drenagem natural da água e concentração de açúcares e sabores nos bagos. 

Além dessa técnica apresentada acima, existem outras que podemos usar para produzir vinhos de sobremesa:

  1. Appassimento: secagem delicada das uvas com o objetivo de conseguir uma maior concentração de açúcares; 
  2. Colheita tardia: permite as uvas amadurecerem por mais tempo, acumulando uma quantidade maior de doçura na fruta.

Outra forma de fazer vinhos doces é adicionar durante o processo de vinificação uma solução chamada mosto concentrado retificado (MCR), que é feita com suco de uva filtrado ou a partir do isolamento do açúcar de uvas viníferas. Com isso, é possível aportar à bebida um sabor mais doce e menos complexo. O açúcar adicionado posteriormente pode “esconder” as nuances de sabores e aromas do líquido. 

O que é o vinho suave?

Falando em vinhos suaves, além de serem o mesmo que os vinhos doces na legislação, o termo também pode ser usado para falar das bebidas feitas com uvas de mesa, ou seja, uvas não viníferas. 

Elas também são conhecidas como Vitis Labrusca e, apesar de não serem utilizadas para a produção de vinhos finos, quando bem manuseadas, dão vida a alguns rótulos do Novo Mundo. E, ao contrário do que muitos pensam, elas podem gerar vinhos de alta qualidade, como é o caso das uvas Niagara, Lorena e Goethe.

Portanto, a nomenclatura “suave” em um rótulo serve para mostrar que, ao contrário do vinho seco, ele é doce. Mas também podemos usá-la para descrever características do rótulo. Quando procuramos uma bebida macia e fácil de beber, há também quem use o termo “suave” para descrever a textura mais palatável e aveludada de alguns vinhos.

Como funciona a fermentação alcoólica e o açúcar residual?

A vinificação nada mais é do que a transformação do suco das uvas em vinho. Esse processo milenar, apesar de ter sofrido algumas mudanças durante o tempo, consiste, de forma resumida, na colheita, separação e prensagem das uvas; processos seguidos da fermentação, do amadurecimento e, por fim, do engarrafamento do líquido — que ainda pode envelhecer por mais tempo em garrafa.

É na fermentação que o açúcar da uva se transforma em álcool. Esse processo ocorre graças às leveduras (presentes na casca das uvas ou adicionadas ao líquido) que se alimentam de glicose e liberam álcool e gás carbônico.

A decisão de produzir um vinho seco ou suave, meio-seco ou doce parte diretamente do enólogo, que pode inclusive interromper o processo de fermentação alcoólica no momento em que alcançar sabores, aromas e doçura pretendidos.

Existem 3 formas de interromper a fermentação dos vinhos

  1. Diminuir a temperatura do líquido, fazendo com que as leveduras parem de trabalhar e deixem algum açúcar residual na bebida. Esse processo é usado, por exemplo, na produção de espumantes moscatéis;
  2. A fermentação pode parar sozinha devido à concentração do próprio álcool originado no processo. Isso acontece porque as leveduras não sobrevivem em ambientes muito alcoólicos;
  3. Consequentemente, se temos uvas com alto nível de açúcar — como no caso das castas cultivadas em regiões quentes, que tendem a amadurecer mais e concentrar mais dulçor —, as leveduras não conseguem transformar todo o açúcar em álcool, resultando assim, em vinhos com mais açúcar residual. 

Sabendo disso, é interessante lembrar que para a produção de vinhos fortificados, como o famoso Vinho do Porto, o produtor adiciona mais álcool intencionalmente, para interromper a fermentação e manter o açúcar residual das uvas no produto final — o que não acontece com o vinho seco, por exemplo.

Chaptalização – O que é essa prática?

No caso de regiões frias, que podem dificultar o amadurecimento da uva, o enólogo pode enriquecer o mosto a partir de um processo conhecido como Chaptalização. Esse é um processo legal, desenvolvido no século 18 pelo químico francês Jean-Antoine Chaptal. 

A chaptalização consiste em aumentar o açúcar do mosto, sendo permitido o uso de açúcar de cana ou mesmo de beterraba. Este é um processo estritamente controlado e feito com o objetivo de se alcançar uma graduação alcoólica viável. Sendo assim, este procedimento também pode resultar em um vinho seco, pois o açúcar adicionado foi consumido pelas leveduras. Isso é muito comum em regiões como Bordeaux, na França.

Qual tipo de vinho é ideal para você?

E então, depois de entender mais sobre cada tipo de vinho, qual deles é ideal para você: vinho seco, meio-seco ou doce? É importante dizer que existe um mito de que o vinho seco é superior em qualidade em comparação aos outros. Mas a verdade é que não existe um estilo de vinho melhor ou pior, tudo varia de acordo com o seu gosto pessoal.

Há quem ame os rótulos doces sem abrir mão de um vinho seco, há quem aprecie só um estilo de vinho, há quem varie entre todos, sempre experimentando algo novo… a nossa sugestão é, sempre que possível, apostar em novas descobertas.

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